quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Mordomia cristã (2)

Graça, Paz e Alegria!

Mensagem do Portal Evangélico Compartilhando Na Web, enviada para o grupo de mensagens em 12/04/2006.

Louvado seja o Senhor. Mais um dia em que as coisas estão caminhando em ordem.
 
Hoje, seguimos no texto que iniciamos ontem sobre mordomia cristã:

 Direitos e Deveres do Mordomo 
Como mordomos, ou despenseiros da graça de Deus, temos a oportunidade de sermos participantes diretos desta graça. O mordomo tinha o privilégio de estar intimamente ligado com os interesses de seu senhor. Era ele o responsável pelo bom andamento das coisas na casa do seu senhor tanto na sua presença como na ausência, mas principalmente na ausência. Sabia as coisas que aconteciam e as necessidades para que tudo pudesse caminhar em ordem.
 
Jesus ampliou esta intimidade mencionando que não nos chama mais de servos, mas de amigos. Isto nos coloca numa posição privilegiada diante de Deus. Mas, como amigos e despenseiros da graça de Deus, temos o dever de fazermos tudo em prol Daquele que é o nosso amigo e Senhor. Temos a responsabilidade de cuidarmos o melhor possível de Seus bens, pois, se hoje somos mordomos de Deus neste mundo, amanhã, seremos herdeiros em Cristo Jesus. 
 
O mordomo que anda segundo a vontade de seu Senhor goza de privilégios. No nosso texto base (Lucas 12.42), ele é chamado de Bom e Fiel, e tem a oportunidade de participar do banquete e do gozo do seu Senhor. Os que são infiéis, isto é, utilizam-se do que o Senhor lhes deu de forma errada, são lançados para fora de Sua presença.
 
Cuidados e Compromissos com a Obra de Deus 
Por sermos despenseiros de Deus, temos o compromisso de zelarmos pela obra de Deus. Este zelo manifesta-se pelo nosso testemunho de vida e pelos cuidados que temos com a obra e a casa do Senhor.
 
Logo que falamos em mordomia, já pensamos ou ouvimos falar sobre o dinheiro, sobre ofertas e dízimos. A prática do dízimo é uma tradição judaica, herdada pelo cristianismo e serve para manutenção do Templo. É uma tradição na qual cada pessoa entrega as primícias de sua produção para Deus. 
 
Para o profeta Malaquias, deixar de entregar o dízimo significava infidelidade a Deus e à Sua obra. Por outro lado, entregá-lo, tem como consequência vida farta e abundante, pois é promessa de Deus, que dá ao povo liberdade de prová-lO nisto: “... e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós benção sem medida” (Ml 3.10).
 
Muitos líderes religiosos usam esse texto para defenderem a ideia de que quanto mais se é fiel nesta prática, acrescentado-se a ela boas ofertas, maiores serão as bênçãos. Parece que se estabelece uma espécie de barganha com Deus. “Eu paguei o dízimo, então eu posso pedir a benção”. Isso não é coerente com os ensinamentos do Novo Testamento. Não podemos comprar a Deus. Entregamos por amor e cremos no Seu cuidado. Afinal, muitos de nós já ouvimos testemunhos ou vivenciamos pessoalmente a seguinte situação: uma pessoa, antes da conversão, tinha um salário específico e tinha dificuldades para completar o mês! Depois da conversão, passou a dar o dízimo e mais algumas ofertas, e mesmo assim, não vivendo mais com os 100% de salário de antes que não eram suficientes, agora com 90% ou menos é possível completar o mês... Não seria por ação do Senhor? Isso não quer dizer que Ele não possa dar até além! Mas o simples fato de permitir que o dinheiro renda o suficiente para completar o mês já é uma grande bênção!!!
 
No Novo Testamento, Cristo não condena a prática do dízimo, mas afirma que o mesmo não tem valor, se não for acompanhado de uma vida comprometida com a Nova do Reino (Mt 23.23). Alguns tentam, com base em textos como esse, dizer que Cristo não quer o dízimo ou que não é pra utilizarmos tal prática, que a mesma era só no Antigo Testamento e que Cristo condena no Novo Testamento. Mas se lemos com atenção o texto, fica claro que Ele não diz que não era pra trazer o dízimo, mas que não adiantava trazer dízimo das mínimas coisas se não houvesse um compromisso sério. Só trazer por trazer não resolvia a questão. Era necessário comprometimento com o Reino! 
 
Dízimo não é pagamento, é oferta de vida e gratidão, é entrega. Ele não pertence a nós, mas a Deus.
 
A relação do dízimo com o cristianismo se dá como uma resposta de amor ao Deus que tudo nos dá. Zaqueu, o publicano, além de devolver quatro vezes mais o que havia roubado (se tivesse feito isso), dá metade dos seus bens aos pobres como gratidão pelo amor de Jesus que sentia naquele dia (Lc 19.1-10). Os primeiros cristãos vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, de acordo com a necessidade de cada um (At 2.45). Ninguém era obrigado a fazer nada, faziam porque a graça de Cristo os impelia a isto. Quem fazia, era abençoado e se alguém tentava fazer parecer que estava entregando tudo para posar de boa pessoa, mas na verdade estava entregando só uma parte, sofria consequências. Não era obrigado a dar, mas não era pra mentir que estava dando também...
 
Mas, como escrevi acima, logo que se fala em mordomia cristã se pensa ou se fala sobre o dízimo e as ofertas. Mas não é só isso que é mordomia cristã! Entregar o dízimo é apenas uma pequena parte da mordomia cristã. Mordomia é usar tudo o que temos de forma prudente, de forma que agrade a Deus. Não se restringindo aos 10%, mas entregando aquilo que o amor e a graça de Deus nos impulsiona. Do ponto de vista do evangelho, a própria pergunta “Quanto devo dar?” indica uma falta de maturidade espiritual assinalada por cálculos legalistas, em lugar de espontaneidade de fé que opera através do amor.
 
Além de dízimos e ofertas, somos chamados para ser mordomos em tudo. Não só lembrando do bolso, mas também lembrando que somos mordomos no cuidado do planeta, na divisão do nosso tempo ou em qualquer coisa que venhamos a desenvolver. A mordomia cristã está além do nosso bolso! Está na questão ecológica, no cuidado com o próximo, no tempo que dedicamos ao trabalho, lazer e às coisas do Reino... É preciso entender que mordomia é serviço! É cuidado do serviço! Logo, precisamos vivenciar a mordomia cristã em todos os detalhes. Seremos bons mordomos se gastarmos mais tempo na frente da TV e menos no cuidado da família? Ou no futebol, deixando de lado as coisas do Reino? Não há problemas em acompanhar o futebol ou ver TV! O problema está em não dosarmos adequadamente o tempo entre todas as coisas...
 
Agora, vale a pena mais uma observação ainda no que diz respeito ao dízimo e às ofertas: O cristão é chamado a viver em amor, inclusive no que diz respeito aos dízimos. Num mundo capitalista, onde não se coloca dinheiro onde não há possibilidades de lucros, somos chamados a dar sem esperar nada em troca, por gratidão. Não se trata de uma conta que devemos a Deus, nem mensalidade, mas fruto de uma vida transformada, que experimentou a graça de Jesus, e tem alegria e satisfação de contribuir na continuidade da obra de Cristo. E crer (não cobrar ou esperar) que o Senhor irá suprir nossas necessidades e muitas vezes nos dar até além disso, para contribuirmos com mais e administrarmos melhor o que Ele nos dá.
 
Seja um bom mordomo no seu bolso, no seu tempo, no cuidado das coisas, enfim, em cada detalhe de sua vida!

Forte abraço.
Em Cristo,

Ricardo, pastor

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